As eleições para a Presidência da República, que tiveram lugar até ao passado dia 24 de Janeiro, viram a participação na Alemanha a cair acima dos dois pontos percentuais, de 4,49 para 2,19% apesar de em termos absolutos terem votado mais portugueses neste país, num total de 1.733 face aos 772 em 2016 – um crescimento de 124,5%, fruto do recenseamento automático. O nível de participação foi, contudo, muito inferior ao observado nas legislativas de 2019, já com os cadernos actualizados à luz do recenseamento automático, em que 12,35% dos inscritos votaram. Este fenómeno não é estranho
a eleições portuguesas, em que as legislativas costumam ser mais participadas que as presidenciais.
Nestas eleições presidenciais, houve uma disparidade tremenda entre a participação dos eleitores da secção consular de Berlim e a de outras secções consulares: 13,39% em contraste com 1,53% em Düsseldorf, 1,17% em Estugarda e 2,01% em Hamburgo. Foi também em Berlim que, em números absolutos, mais portugueses votaram: 656. Estes dados são particularmente interessantes, considerando que Berlim é a área consular mais pequena na Alemanha.
Apresentamos a súmula dos resultados por secção consular:
Apresentamos ainda um gráfico comparativo entre os resultados na Alemanha e os resultados globais da votação nas listas portuguesas:
Marcelo Rebelo de Sousa foi o candidato que recebeu mais votos na Alemanha, embora a sua vitória incontestável tenha tido menor expressão do que em Portugal: o Presidente da República reeleito foi o preferido de 38,99% dos portugueses na Alemanha, 21,8% percentualmente inferior às preferências expressas pelos eleitores residentes em Portugal.
A ordem de preferência pelos diferentes candidatos, conforme evidenciada pelos resultados, teve alguma variação entre a Alemanha e Portugal: André Ventura ficou-se pelo quarto lugar na Alemanha, tendo sido terceiro em Portugal, com um resultado muito próximo ao segundo lugar; Marisa Matias ficou em terceiro lugar na Alemanha, enquanto em Portugal se ficou pelo quinto Para tal, muito contribuiu a votação na secção de Berlim, onde Marisa Matias foi a terceira candidata mais votada, com 16,02%, e André Ventura foi o sexto, com 2,93% .
A expressão de simpatia por cada candidato teve uma força diferente entre a Alemanha e Portugal. Na Alemanha não se assistiu a uma disputa renhida dos segundo e terceiro lugares entre Ana Gomes e André Ventura, que foi em Portugal motivo de expectativa até ao apuramento das últimas mesas de voto. Ana Gomes foi solidamente a segunda candidata mais votada na Alemanha, com 28,3% dos votos expressos face aos 12,9% , tendo mesmo sido a candidata vencedora na secção consular de Berlim. Já André Ventura ficou aquém dos 11,9% obtidos em Portugal, ficando-se pelos 8,95% na Alemanha.
Um outro dado digno de registo é o resultado de Tiago Mayan Gonçalves, cujo resultado na Alemanha foi superior em mais do dobro ao resultado alcançado em Portugal: 6,74 vs. 3,2%. Na área consular de Estugarda, a maior do país, foi o terceiro candidato mais votado, e em Berlim ficou em quarto lugar; em Portugal ficou-se pelo sexto lugar.
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